Assistente virtual desenvolvido em Pelotas é ágil nas respostas e fala
EDUARDO CECCONI/ Pelotas/Casa Zero Hora
Com um belo rosto, cabelos ruivos e olhos verdes, uma jovem anônima tem uma característica diferente de outras tantas jovens que moram em Pelotas. Ela vive dentro dos computadores capazes de acessar a Internet. A imagem feminina representa na tela o Assistente Virtual (AV) desenvolvido pela ADS Digital, a partir do trabalho de conclusão da pós-graduação em Sistemas de Informação elaborado por Daniel Brahm, 28 anos, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
O AV, também conhecido como cérebro eletrônico, foi desenvolvido a partir do conceito dos chatterbots, espécie de robôs de conversação criados nos Estados Unidos na década de 1970. Os chatterbots respondiam textualmente a perguntas escritas, buscando informações em um banco de dados. Mas, à medida que os programadores incluíam mais dados no cadastro, mais lento e menos preciso se tornava o chatterbot - que poderia responder com incorreção às perguntas.
O AV foi desenvolvido para se tornar mais ágil e preciso a partir da inclusão de informações no banco de dados. Outra novidade é que o software utiliza as perguntas e respostas dos internautas como referência para aumentar o próprio conhecimento. E mais: as respostas são sonoras, ou seja, o AV fala.
- O cadastro dos chatterbots limitava as respostas ao modelo da pergunta. Qualquer variação na forma de questionar provocava erro nas respostas. Já o AV está preparado para tudo - explica Brahm.
Embora tenha uma inteligência artificial, o software não foi projetado para substituir pessoas. É uma ferramenta de auxílio para atendimento de clientes. A idéia da ADS Digital é oferecê-lo a empresas de acordo com o produto. Brahm cita os serviços de call center, ensino à distância, treinamento online e marketing como aplicações possíveis.
Mas o AV nem só trabalha. O software foi projetado também para entreter. Além de responder às perguntas técnicas para as quais foi programado, pode bater-papo, como num chat.
- A capacidade de conversar fiado serve para divertir as pessoas e, ao mesmo tempo, prender o internauta no site da empresa. Ela está preparada para responder bobagens - garante Brahm, referindo-se à bela e jovem ruiva que pisca, mexe os cabelos e fala sobre qualquer assunto, com qualquer pessoa, simultaneamente.
Entretenimento
Como o AV é capaz de improvisar, ele está preparado para receber perguntas que nada têm a ver com o conteúdo para o qual foi destinado. Enquanto pede informações sobre o produto, tem aulas ou tira dúvidas com o AV, o internauta pode jogar conversa fora com o cérebro virtual. Até mesmo para paqueras o software está preparado. Por exemplo, ao ser perguntada se é solteira, a jovem ruiva que representa o AV no site da ADS Digital responde "sou da filosofia de que antes só do que mal acompanhada".
A tecnologia
O chatterbot fornecia respostas usando parâmetros de pergunta na consulta a um banco de dados. Mas o volume de perguntas e respostas o tornava lento, comprometendo a precisão e a velocidade das respostas. O AV resolveu o problema e agregou o recurso de voz, utilizando as tecnologias PHP, MySQL e Text-to-Speech (TTS), da norte-americana Oddcast.
O internauta não precisar escrever um texto padrão. O AV entende as perguntas elaboradas de diferentes formas, interpreta a idéia-chave da pergunta e responde imediatamente, com a voz. As conversas virtuais entram no banco de dados e servem como conteúdo para o AV. Quando não consegue responder, o software pede que o internauta retorne mais tarde. Assim, os desenvolvedores do programa têm tempo de incluir o conteúdo no banco de dados.
O assistente virtual
Quanto mais conteúdo, mais o AV ganha capacidade de responder às perguntas com precisão, consultando o banco de dados.
As aplicações do AV se vinculam ao atendimento do cliente. Pode ser utilizado como um professor virtual no ensino à distância, como call center de empresas, como orientador de treinamentos online ou como técnico de help desk. O AV também consegue propor assuntos, intercalando o chat com o internauta e oferecendo estratégias de marketing e produtos da empresa.
As perguntas são feitas por escrito, em três idiomas (português, inglês e espanhol), e a resposta é dada pelo recurso de voz. |